terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Cinematique #1 - Only Lovers Left Alive

Já o vi no ano passado mas este fim de semana convidou ao cinema em casa e não resisti ao chamado. É claramente um filme que já nasceu Cult. Não foi realizado para agradar às grandes massas mas tem um charme irresistível para quem aprecia verdadeiramente cinema num clima mais intimista e minimalista.

Sinopse:
"Nas cidades românticas e desoladas de Detroit e Tânger, Adam, um músico profundamente deprimido, encontra Eve, a sua amante, uma mulher forte e enigmática. Esta história de amor atravessa os séculos, mas este idílico libertino é interrompido pela chegada da adolescente irmã de Eve, extravagante e incontrolável. Estas duas pessoas à margem, sábias mas frágeis, poderão continuar a sobreviver no mundo moderno que está em colapso ao seu redor?"


Não estamos propriamente habituados a ver histórias de vampiros sem que haja muita acção e sangue por todo o lado. Não até aqui. " Só os Amantes sobrevivem" apresenta-nos o lado duma sociedade de vampiros que luta para continuar a existir mas sobretudo para se integrar no séc. XXI. São introvertidas estas criaturas. Vivem mais para si e para o seu mundo, fazendo de tudo para passarem despercebidos. Toda a catarse experienciada na alimentação... o quase rito, o êxtase quando se alimentam de forma requintada usando pequenos cálices. 
Toda a obra é essencialmente uma grande metáfora à sociedade vazia dos dias de hoje. Onde tudo é contaminado e entra em rota de destruição. O grande exemplo disso é o cenário da cidade de Detroit. Outrora uma grande centro de modernidade americano e hoje praticamente deserto e lar para fantasmas e delinquentes. Por outro lado, em Tanger tudo parece mais aconchegante, mais puro. 



Adam, sendo músico e solitário vive para compor, colecciona instrumentos raros. Eve, uma leitora voraz, colecciona grandes obras da literatura. Todo o filme é repleto de referencias culturais e históricas, acompanhado de uma banda sonora excelente e com interpretações fantásticas, um guarda roupa fora de época bem como os inseparáveis óculos escuros conferem todo aquele ar noctívago habitual no género. Uma história que ganha pela maneira inesperada de como é contada... como são despidos todos os ingredientes da trama de forma lenta mas em perfeita harmonia para tornar a experiência do espectador única.
Não é obviamente um filme para todos, mas claramente é um filme para quem ainda acredita que o amor é capaz de nos salvar. 





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