domingo, 30 de março de 2014

Caprichos de Leitor #1

E o capricho actual tem coração de neve :)



Bibliomania #1 - John Green é o escritor do momento?

Não é segredo para ninguém que eu devoro livros ( literalmente)... então, achei por bem partilhar aqui no blog algumas das minhas experiências e opiniões a respeito disso. Não tenho um perfil de leitora muito padronizado, leio de tudo um pouco mas claro está que tenho lá as minhas manias e uma certa preferência por temáticas "profundas" ainda que volta e meia me apeteça ler só mesmo para me abstrair do universo físico, sem ter que me preocupar com a mensagem ou com a ideia de que determinado livro "vai mudar a minha vida"... ler por vezes é assim, quando não nos muda a vida, muda-nos a forma como passamos por ela ou como pensamos nela... enfim, vamos lá falar de livros e deixar a conversa fiada de lado.

E depois de ler tanta noticia, tanta review e tanto falatório a respeito do senhor que alegadamente seria "O escritor do momento" lá fui eu tirar as minhas próprias conclusões... Como? Lendo a obra, claro está.
Para começar tenho a dizer que YA ( young/adult) são sempre fáceis de ler, por terem uma linguagem leve e fluída precisamente para cativar o seu publico alvo... a juventude que se está quiçá a descobrir como leitor. E nesta parte tenho que tirar o chapéu ao John... ( permitam-me que o trate por tu hehehe), li 3 dos seus mais vendidos livros e todos revelaram a mesma escrita fluída e leve como seria de esperar no género.
falando agora das temáticas abordadas nos livros...
Não é difícil de imaginar que livros para jovem falem dos problemas de se ser jovem e da montanha de mudanças que acontecem na vida de um suposto jovem... seja ele real, inspirado ou totalmente ficcionado.
E sim, ao depararmos com o tema pensamos logo naquele típico cenário desenhado para series juvenis... o típico triângulo amoroso, os dramas da adolescência, aquele miúdo/a que não é aceite pelo grupo, o tipo que sonha demais, e por ai vai... John Green foge ao cliché?
Digamos que, não fugindo ao assunto tipicamente usado e abusado por outros autores, ele criou o seu próprio perfil enquanto escritor. Talvez até se denotem muitas semelhanças entre os 3 livros que eu li... alguns diriam até que se trata da tal formula de que alguns escritores se fazem valer para escreverem sempre " enredos que vendem" ... pode parecer pretensioso e "desonesto para com os leitores mais audazes mas já dizia o velhinho ditado "em equipa que ganha não se mexe" ... e realmente embora eu concorde em parte com a tal ideia de "formula", não me sinto "ultrajada" enquanto leitora.

O que se pode dizer a respeito da dita "formula"?... bem, digamos que a base comum é o rapaz simples e menos popular, aquele rapaz que podia ser qualquer adolescente comum, sem nenhuma característica espectacular... se apaixona pela gaja mais surpreendente, irreverente, linda e fantástica da escola... e o que torna estas historias diferentes de outras já conhecidas?... é precisamente a não existência de um "e viveram felizes para sempre". mais um ponto a favor do John. A humanização das historias é para mim o ponto mais relevante na estratégia do autor. Em todas os 3 livros que li há momentos para rir, para chorar e para aprender algo com todos eles... umas mais profundas que outras. Mas devo dizer que ( e desculpem lá o spoiler) John Green gosta de "matar" os seus personagens para ensinar ao seu publico alvo que a vida está longe de ser um conto de fadas porém, devemos ouvir o que a morte tem a dizer a respeito da partida daqueles que amamos... é duro, mas é uma lição necessária.

Em " À procura de Alaska" ( o meu preferido dos 3) uma pessoa quase deseja ser como Alaska ( e sim, Alaska é uma rapariga e não um estado como eu julgava no inicio).
Em "Cidades de papel" quase jurei que Margo era gémea de Alaska tal a semelhança de personalidades e depois tive a experiência " A culpa é das estrelas". Bem, Hazel só não é a "gaja mais popular do pedaço" porque está doente ( e juro que até meio do livro julguei que a historia teria outro rumo) mas se não estivesse aposto que seria... Assim como as empolgantes personagens femininas, também as personagens masculinas e os grupos de amigos ( geralmente o típico triângulo de amizade) são bastante semelhantes e os finais também. Em determinada altura das histórias, alguém morre e os restantes personagens tem de viver com isso. É duro folhear uma pagina e encontrar o "cadáver" da personagem preferida no capitulo seguinte mas "há males necessários"...

Resumindo:

 " Á procura de Alaska" apesar de ser um livro leve deixa-nos algumas questões pertinentes à cerca da vida e da morte e do que esperamos que o labirinto de viver seja... e do quanto são importantes as ultimas palavras que deixamos de herança para aqueles que ficam. Um livro que surpreende pelo inesperado até à reflexão final.

"Cidades de papel" é um típico livro de adolescente sem grandes questões mas com alguma diversão à mistura, uma pequena road trip e um mistério pendente entre as linhas dos versos de Whiteman e o tamanho colossal de um mapa de lugares vazios. Tem o seu "Q" de original, devo dizer, apesar de não ter um final como eu imaginava.

" A culpa é das estrelas", talvez seja o mais famoso dos 3 mencionados, faz-nos lembrar que a doença também bate à porta da juventude, que a morte está sempre à espreita e que apesar disso apaixonar-se pode ser "um dos efeitos secundários de se estar a morrer". A história pode não ser das minhas preferidas mas tem lá os seus encantos... o que me desiludiu foi o final, a história não se sustenta depois da morte de uma das personagens principais. Esperava um final mais épico para a boa história que li. mas não se pode ter tudo não é?



sábado, 29 de março de 2014

Imaginarium #4


O veneno da madrugada #1 (colectânea de poemas)

Ah meu amor,
como queria ouvir
a candura da tua voz,
sentir o leve sorriso dos teus pensamentos...
aqueles que em segredos contam histórias de nós. 
Não só ouvi-la, 
não só vê-la
Vivê-la!!

Deixar que as meras confissões
se evaporem...
e voem de encontro ao céu
no verdadeiro palco das nossas bocas.

Descansem, nossas almas
pequenas fugas de inocência
sentenciando olhares perdidos
que só se encontram aninhados
um no outro
à espera das tantas madrugadas pendentes.

Ah meu amor,
se por descuido te tornaste na minha doença
reza a lenda, que só nos teus lábios
poderei saborear a cura...
Prometo...
Não morrerei sem os provar!





Só é fogo se queimar...

Só é fogo se queimar,
rastilhos são feitos de culpa
e a chama respira 
por entre os laços das nossas mãos.

Só é fogo se queimar,
sinto-o devorar-me a pele
arrastar-se em mim
até me consumir por completo

Arde a alma deste fogo
quase bailando nos meus lábios
esperando o apagar dos teus

É o lume do desejo que nos faz pecar
Já de joelhos, rezamos, imploramos: Deixa Arder....
Só é lume se queimar!







Imaginarium #3

eu vou... e levo comigo o pó de que são feitas as minhas pegadas....
e lá, onde repousam os meus sonhos, dormem as cores de uma vida inteira... feita de amores, de caos e de muita terra sonâmbula. 




A chama que arde por nós...

Permito-me guardar, do pouco de ti que me mata a sede
Meu corpo é deserto exigente, 
Frágil, tão frágil quanto o silêncio que nos denuncia
Tão intenso como os ventos que nos separam.

Incondicionalmente, ama-se em tempos de ira
e a guerra nunca mora ao lado
vai demorando, e quase moribunda
rende-se nos meus braços...

Quase ganha sopro de vida,
um pedaço de vontade feita de cristal,
prestes a quebrar-se, bem no peito da minha mão...

Quase se levanta das cinzas
a pequena brasa bailando ao vento
é filha de morno fogo
que se apaga a qualquer momento.

É a chama que arde por nós
nos longos tempos em que a palavra nos falha
nisto das batalhas do coração
há sempre uma vela que se apaga. 



domingo, 2 de março de 2014

O céu também tem degraus

Aqui jaz, a menina,
que em Florbela se recitava 
de cor.
Filha de Pessoa,
genuína em versos de amor.
Apenas, revisitando Camões
em longos mares e honradas batalhas...
Que hoje, não são mais
que ondas deitadas num chão
feito de céu...
albergando o luar
que nos faz nascer poetas. 




(Entre Parêntesis) # Crónica nº 6 - Cartas que eu nunca te escrevi

Dear Romeu:

(Não sei como te chamar, talvez Dear Nobody fosse um bom nome... ou talvez não.)

Continuo com as perguntas, talvez com mais do que no inicio, mas a maior delas é PORQUE? ...
Tu vais, e vens... sem nunca dizeres o que queres de mim. Sem nunca responderes as perguntas que pairam no ar. Só sugestões..., só meias frases, só meios entendimentos. Não sei viver nas entrelinhas. Falta-me o ar... Talvez esperasses que fosse eu a responder às tuas perguntas... mas como se nunca as fazes. Já me desculpei por mal entendidos anteriores, que se calhar até nem foram tanto mal interpretados assim... Ou estarei enganada? Maybe...
Tens o dom de sempre aparecer depois de tempos de ausência, quando eu já quase escrevo diários de outras vidas, de outras memórias...atormentas a minha paz, inflamas de novo fogueira já quase extintas... mas PARA QUE? Se nunca tens intenção de dizer nada no meio de tudo o que dizes? Dizes que sonhas, e já fizeste os teus pedidos, mas dúvidas de cada sentimento teu... disso não resta sombra de duvida.
Sabes, já não sou uma criança, embora continue a sonhar, mas o meu bom senso já me ensinou que construir castelos em nuvens não é boa ideia, principalmente se as nuvens viajam ao sabor do vento e que o vento só sopra a meu favor quando a saudade bate e o rei esta pra fazer anos.
Acho bonito amores épicos, revestidos de magia e altruísmo... afinal sou leitora ávida... já li muitos romances assim. Porém talvez eles só existam em livro, principalmente quando as personagens principais não acreditam neles o suficiente para enfrentar medos.
Amar em palavras é fácil, o difícil é vestir as palavras que nos saem da boca.
O livro está aberto, a leitura chegou a um impasse... virar a página é urgente. Das duas uma, ou se ousa reescrever a história com a tinta da coragem, ou se encerra o capitulo. Sem penas, nem reservas,nem perdas. Detesto perdas... estou cansada de perdas. Como detesto que me roubes a atenção quando não és capaz de me explicar porque o fazes. Como detesto que deixes conversas a meio, como detesto que não me compreendas...
As vezes é preciso amar, nem que seja em palavras... as vezes é preciso viver e sentir essas palavras.
talvez nem chegues a ler, ou talvez lei-as, de qualquer modo provavelmente não terei resposta. No máximo, terei mais perguntas... ou talvez eu própria me surpreenda.

Com carinho:

                                                                     Julieta