domingo, 26 de janeiro de 2014

Não é perda... é saudade!

Quis o tempo que esta manha fosse gelada
Sinto a voz da geada, estalar-me debaixo dos pés
Num perfeito ar incomodado

Em pura vaidade, travestindo de orgulho
Todo o chão abaixo de nós.

E o gelo que nos abraça, não conta?
E o frio que nos veste o corpo?
É a perda do tempo,
É o fardo da dor…
E o engano traindo o amor?
Não costura mantos invernosos.

Mesmo que o ar consumisse todas as perdas
E fizesse delas a sua morada
Nem a luxúria seria capaz
De construir, onde magoas se arrastaram.

E a perda não cala?
São as cinzas dormindo em minhas mãos
Ainda queimam, ainda marcam, ainda choram
Ainda recordam os tempos de verão.

E eu não curo?
Se a perda é a própria chaga
E o sangue me amarga o peito
Já não vejo a estrada, já não durmo
Apenas oiço a voz calada
E um grito no escuro me acorda dizendo:
- Não é perda, é saudade…
e saudade não se perde no tempo!




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