domingo, 26 de janeiro de 2014

Não é perda... é saudade!

Quis o tempo que esta manha fosse gelada
Sinto a voz da geada, estalar-me debaixo dos pés
Num perfeito ar incomodado

Em pura vaidade, travestindo de orgulho
Todo o chão abaixo de nós.

E o gelo que nos abraça, não conta?
E o frio que nos veste o corpo?
É a perda do tempo,
É o fardo da dor…
E o engano traindo o amor?
Não costura mantos invernosos.

Mesmo que o ar consumisse todas as perdas
E fizesse delas a sua morada
Nem a luxúria seria capaz
De construir, onde magoas se arrastaram.

E a perda não cala?
São as cinzas dormindo em minhas mãos
Ainda queimam, ainda marcam, ainda choram
Ainda recordam os tempos de verão.

E eu não curo?
Se a perda é a própria chaga
E o sangue me amarga o peito
Já não vejo a estrada, já não durmo
Apenas oiço a voz calada
E um grito no escuro me acorda dizendo:
- Não é perda, é saudade…
e saudade não se perde no tempo!




sábado, 25 de janeiro de 2014

Pensamentos a retalho #22 - O Efeito borboleta e metamorfose de amar

Não sei o que seria suposto dizer-se. Nem tão pouco sei se deveria dizer-se algo. Talvez o silencio seja a resposta mais justa. Mas como calar as palavras impiedosas que me torturam há já tanto tempo? Se as calasse não seria eu, e as palavras continuariam apenas minhas, para sempre. "Para sempre!" talvez seja o paradoxo mais antigo de sempre e o mais falacioso também. Porque? Ora, cada um saberá dos seus "what if..."

Acreditar na probabilidade estatística do amor `a primeira vista ate´ pode ser cliché, superficial e ate mesmo uma idiotice, mas quem de nos já não testou a teoria com relativa credibilidade? Cada um escolhe no que acredita, e digamos que algumas crenças ate podem ser abaladas pela razão, mas vão tomando conta de nos de mansinho e nos vamos deixando. Afinal o sonho comanda a vida. Fraquezas, diria alguém mais céptico, mas se amar e efectivamente uma fraqueza, então todos somos soldados de segunda linha nesta guerra, porque se não somos ainda fracos, já desejamos fraquejar... e não adianta mentir. "Lie to me" soa bem, mas os primeiro enganados somos nos... e não e´ pelas palavras que saem da boca, ou as que nos querem impingir `a força... e´ pelo instrumenta da visão, o mais falacioso dos sentidos. Ah quantas vezes já não fomos traídos pelos nossos próprios olhos... e tão fácil amar por eles, e tão fácil morrer por causa deles.

 Alguém disse que são os espelhos da alma, talvez seja verdade. Mas olhos sinceros são raros, sorrisos sinceros também... palavras doces abundam por ai... pairam sobre as nossas cabeças. Mas e assumir aquilo que se diz, aquilo que se sente? Coragem??? e uma palavra bonita, soa bem e quando estamos prestes a pisar aquela linha que nos separa do medo, chega a razão e quebramos em dois. Covarde... e a palavra que mais nos atormenta. E talvez seja isso que nos torna tão semelhantes por esse mundo fora. Se há coisa em que todos estamos em perfeita harmonia e na cobardia. Dizem que o cobarde resiste porque alguém tem que sobreviver para contar a historia. Mas para haver historia alguém tem que se mascarar de herói. Talvez as nossas escolhas ditem as regras e a razão as premeie de vez em quando com " as causas que devem ser salvas" em detrimento das " muitas causas perdidas"... ok somos cobardes para assumir e dai? Vamos desistir como ratos, simplesmente? Nem todas as coisas nasceram para serem descritas, algumas apenas existem para ser sentidas... caso contrario não seriamos tão fracos nem tão humanos. A natureza abrandou a nossa essência instintiva e deixou-nos em troca a bênção do raciocínio. Abusar dele também não e boa ideia para ter como lema de vida.

As vezes e preciso coragem para libertar as borboletas que aprisionamos dentro de nos, se tivemos coragem para as criar também devemos possuir coragem suficiente para as libertar. "Ide, voai de encontro aos meu sonhos, concretizai-os por mim, voltai trazendo-me certezas de ser meu aquilo que libertei"... e assim la vão elas... amar aquilo que não tivemos coragem de amar... porque no fim das contas, amar tornou-se demasiado vulgar. Toda a gente ama tudo... ama tudo da boca pra fora. E da boca pra dentro, e mais profundo ainda?
Não vejo nem droga que vicie, nem doença que mate, nem cura pra esta doença. vejo apenas cansaço... e talvez os meus olhos me estejam a enganar há muito tempo, mas ainda sei o que sinto. E tu, sabes? talvez não saibas... mas se souberes não cales a metamorfose das tuas borboletas... oferece-lhes asas para voar... Talvez eles regressem para ti com uma linda historia pra contar... talvez se percam por ai amando este mundo e o outro. Mas foram tuas, sempre serão tuas... porque nos só libertamos aquilo que amamos de verdade.

Ja libertei as minhas, talvez por acaso, ou ironia do destino se cruzem com as tuas, quando tiveres coragem para as libertares.