sábado, 28 de dezembro de 2013

Fluam minhas lágrimas...

Fluam minhas lágrimas
lavem o rosto da minha sorte
já que as minhas mãos são causas perdidas
renda-se a mim o azar
filho da dor e tormenta
que corre no rio do meu sangue
pesado, cansado
deste leito de margens bravias
agreste de todas as águas sombrias
procurando-se em águas claras
espelhando fundos de abismo
mais que a paz em minhas amarras
ancoras no barco do egoísmo.
É longa a viagem
e a ira do oceano
é mais leviana
que o mais escuro dos segredos.
Lá, onde a guerra termina
e as ondas, quebradas, se perdem de vista
sossegam as almas
e quem sabe, a sorte
dos que penaram em vida.
Lá, onde sopra o sofrimento
todos dormem,
mas ninguém sabe o nome do vento
e também o azar se deita
às ordens de quem chega e se ajeita
esperando nunca ter que acordar.
Lá, onde mora a ilusão do limite
não há culpas, nem prisão
pois tudo o que a vontade permite
é uma vida vazia e sem perdão. 




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