domingo, 24 de março de 2013

A marcha dos indignados

Hierarquias pesadas
Disfarçadas de puros conceitos
Usurpam verdades a preceito
Repudiam a velha e honrada democracia...

Brincam com os sonho perdidos
Arrasam corações vencidos
Pela miséria e pela falta de incentivos
Só se exaltam os vendidos.

Marcham somente os indignados
Por ruas e vielas de amargura
Não calam as vozes cansadas
Cantam em busca da cura

Ouvem-se os clamores da liberdade
Gritando em cada peito a mesma verdade
Alguém os ouvirá gritar?
Talvez não, mas ninguém os fará parar.

Marcham com a ira da vontade
Trazem olhos manchados de injustiça
As mãos podem estar vazias
E a mente não cicatrizar as feridas
Mas jamais deixarão de lutar pela pátria.

Ao longe os abutres
Observam a marcha dos indignados
Hoje, riem-se os desgraçados
Desconhecem que amanha
Serão eles os condenados.



(imagem do Google)

A técnica dos amadores


Há quem faça as coisas com dedicação, arte e engenho. E há aqueles que apenas fazem o que tem de ser feito. Aos olhos dos tecnicistas, os amadores nunca passarão de meros aprendizes de uma arte qualquer. Pois bem, deixem que eu explique toda a complexidade da palavra AMADOR. Amador, é aquele que dedica parte do seu tempo a algo que admira. Não sendo profissional, por vezes peca na escolha das técnicas, mas o encanto permanece lá. Faz as coisas com liberdade e expressão próprias sem se deixar escravizar por regras antiquadas. Um amador move-se pela curiosidade e pela vontade de chegar mais longe, tem a sua arte como companhia, mesmo quando o resto do mundo não entende o que quis transmitir. Podem criticar o resultado das suas tentativas, mas porque é amador, nunca desistirá, mesmo quando a dureza da critica visa destruir a sua amabilidade artística. Um amador não tem vergonha de assumir que não sabe, que ainda tem muito que aprender. Sabe que a sua humildade vale ouro e que poderá colher muitos frutos com ela. Um amador é, geralmente, modesto. Mesmo quando alguma das suas obras atinge por acaso as estrelas, sabe que os fracassos acontecem com mais frequência que os louvores. Um amador pode não ter os conhecimentos, os meios, ou a prática dos profissionais mas é amador e por isso mesmo AMA a arte que produz mesmo quando ela não sai perfeita, mesmo quando ela não tem qualquer brilho. Ela é fruto das suas capacidades e da sua evolução enquanto AMADOR. Ser amador é isto, é AMAR tudo aquilo que se faz com dedicação, é por em tudo um pouco do nosso coração. 




(por exagerarem muitas vezes na critica a todos os que são amadores e diminuírem as nossas capacidades aos vossos olhos,independentemente da arte em questão. pra mim é valido em todas as artes a que me dedico, porque sou amadora em todas, as coisas devem fazer-se por paixão e com amor e não pra mostrar a nossa alegada superioridade em relação aos outros... pensem nisso. )

Brilhar...


Pensamentos a retalho # 4 - Ainda há estrelas?




(imagem do Google)
Quando foi a ultima vez que olhaste as estrelas?
Talvez já nem te lembres. Ou talvez nunca tenhas tido tempo para observa-las como elas merecem. Já notaste que quando mais negro se torna o céu mais elas brilham? 
Nem as trevas em toda a sua arrogância conseguem ofuscar-lhe o brilho. Mesmo que poucos sejam aqueles que se perdem nelas. A verdade é que todos falam nelas e sonham tocar-lhes, mas poucos os que se atrevem a olha-las de frente, com aquele mesmo olhar de perplexidade e admiração que só as crianças e os apaixonados conseguem ter. Simplicidade é tudo o que o universo espera de nós. Complicados é tudo o que sabemos ser. Agarra-mo-nos a brilhos alheios desprovidos de qualquer verdade e acabamos completamente seduzidos por eles. Somos fracos, faz parte da nossa condição humana. Assim a natureza nos criou.  

Quando foi a ultima vez que viste o céu nos olhos daqueles que se cruzam contigo?
Talvez nunca o tenhas visto. Será por falta de tempo? Sim, o tempo é sempre a nossa desculpa. Acho que Deus o condenou à eternidade por castigo de tanta ousadia.
De facto, só o brilho nos olhos de alguém se pode comparar ao das estrelas. Há pessoas que nascem com o dom de serem céu. E por mais negras que sejam as suas almas, os seus olhos brilham intensamente. Trazem estrelas dentro de si mesmas. As vezes apagam-se. Mas talvez um sorriso sincero seja suficiente para reacende-las de força e jovialidade. Relações interestelares não se explicam, entendem-se mutuamente. assim se mede a força de um simples sorriso. Pode ser usado sem moderação desde que seja puro e verdadeiro.  É contagiante. Um argumento deveras difícil de deitar por terra. E no entanto parece ser tão subtilmente desenhado. Acaso da naturalidade de ocasião. Não se consegue obrigar os lábios a esboçarem verdadeiramente aquilo que não sentem sem o consentimento da alma e a bênção dos olhos. A boca pode sorrir, mas se o olhar não acompanhar o desenho dos lábios com o seu brilho, então aquele sorriso não valerá nada. Será tão falso como o brilho dos diamantes. Quem se ilude com o brilho dos diamantes nunca entenderá porque brilham as estrelas. Nem porque existem pessoas de olhos estrelados. No fundo, nascemos para ser céu uns dos outros, e para ter a humildade de aprender a brilhar. 


quinta-feira, 21 de março de 2013

Arco-íris de sabão

Vidas a preto e branco
Brindando a ausência da cor
Gritam exaustos silêncios
Tingindo almas de tons cinzentos

Negros de grande vigor
Tão carregados de solidão
Brancos de grande alvor
Claridades efémeras manchadas de dor

Faltam as cores na tela
Onde reinam as sombras
Mas até para nascerem os cinzas
Se unem escuros e claros louvores.

Faltam os pingos de chuva
Aos raios de sol pingados
Que escapam por entre as nuvens
Em longos dias nublados

Faltam as 7 maravilhas de cor
Dissolvidas em sonhos de luz
Rasgando um céu colorido
Num encanto desmedido

Quando o reino das cores
Se arcar no céus
Rouba-lhe os tons
Mancha o teu pincel
Ousa toca-lhes com a tua mão
Até as cores do arco-íris
Cabem numa bola de sabão.



(imagem do Google)


Era uma vez...


Se o amanha não chegar...

Se os dias menos felizes
Se perderem nas noites 
Se as noites mais longas
Se perderem nos escombros da mente
Se a mente se render as insónias da vida
Se toda a vida se esgotar no final da viagem
Se a viagem não tiver valido a pena
Se a pena te abalar a consciência
Se a consciência te brindar com a realidade
Se a realidade for demasiado dura
Se a dureza te rasgar o peito de dor
Se a dor brotar de teus olhos
Se os teus olhos reflectirem todas as memorias
Se as memorias forem tudo o que restou
Se o resto for apenas partir para outra vida
Que a outra vida não tarde em chegar
Mas que as cicatrizes desta, viagem contigo
Porque se o amanha não chegar
Se a luz te faltar...
Talvez a noite te acolha num novo dia. 



(imagem do Google)

A menina dos sapatinhos vermelhos

Vestia trajes de esperança
Nas mãos carregava as estrelas
Era feita de sonhos...
E os pés calçavam sapatinhos vermelhos

Tinha a pureza da idade
Aquela doce ingenuidade
Que só floresce na infância
E que amadurece com o fio do tempo

Dançava a valsa dos ventos
Embalada pelo canto dos pássaros
Sempre de braços abertos
Sempre livre.

Voava pra longe
Sempre que sonhava
E sonhava constantemente
A cada valsa que dançava

Coraçãozinho cheio de fantasia
Brincando de se esconder de todas as dores
Fugindo de todos os dissabores
Apertando laços em todos os amores.

Em cada laço apertado
Deixava um beijo abraçado
Ou um abraço beijado
Sempre com a mesma candura.

Trazia flores de magia no cabelo
Ornamentadas de um doce aroma
Encantadas pela luz da natureza
E regadas de imensa beleza

Vestia trajes de esperança
Nas mãos carregava as estrelas
Era feita de sonhos,
E fosse qual fosse
O conto de fadas
Sempre calçava
Os mesmos sapatinhos vermelhos.



(imagem do Google)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Aquela velha fotografia...

Aquela velha fotografia
Perdia-me dentro dela
Cada pedacinho da minha alma sorria
Parte de mim vivia nela...

Era a preto e branco
Tingida pela dureza do tempo
Revelada num manto que emoções
Nascidas num só momento

Pequenas notas de luz
Desenhadas com delicadeza
Brilhavam com a mesma certeza
Aos olhos de um velho retrato

Tocava-a como se lá estivesse
Como se ainda dentro dela vivesse
E, entre lágrimas de contidas
Abraçava docemente
Aquela velha fotografia...



(Imagem do Google)

segunda-feira, 18 de março de 2013

PAI- uma razão vestida de amor para o resto da vida

(imagem do Google)

Não me lembro desde quando, mas desde que acordei pela primeira vez, sempre lá estiveste. Deste-me a mão. Era tão grande e a minha mão tão pequenina apenas sentiu o teu toque... Ambas estavam calejadas pela dureza do trabalho e no entanto tocavam-me com tanta leveza e suavidade. O seu calor era-me familiar. Já tinha sentido aquele carinho antes. Mesmo antes de te ver, mesmo antes de nascer, eu sabia que eras tu. Aquele amor incondicional que não se explica por palavras, apenas se sente.
 Assim como me deste a vida, acolheste-me em cada passo que dei, amparaste cada queda, enxugaste cada lágrima. Ouvi muitos nãos saírem da tua boca e muitos sims também. Educar é assim, um eterno circulo viciosos de palavras e actos e entre cada nega e cada presente, existe sempre uma dádiva de amor. 
Talvez eu nem sempre tenha tido maturidade suficiente para entender isso no tempo certo. São as dúvidas da idade. Se ser adolescente não me foi fácil, ser jovem na flor da idade também não o é... as dúvidas continuam a minar o caminho. E tu continuas aqui, sempre de braços abertos para me guiar... mesmo quando eu insisto em cair, tu insistes em levantar-me. Dizes que é assim que se aprender. A vida só deita por terra aqueles que sabem levantar-se. Os que não caem na verdade nunca aprendem. E tens razão. Tens sempre razão. Mesmo quando não sabes usar as palavras certas para te fazeres entender, mesmo quando nem sempre decides o que é certo, acabas por acertar. 
As escolhas feitas por amor nem sempre são pacificas porém, nascem sempre no coração. Afinal só desejamos a felicidade daqueles que amamos, não é? Eu tenho um jeito torto de te amar... nem sempre sou aquele poço de carinho... mas eu sei que sabes. Tu conheces-me melhor do que eu mesma. E além disso, tu reveste eu mim, temos o mesmo sangue nas veias, as mesma manias, os mesmos traços... 

E tudo isto chegaria para te agradecer? Não, certamente que não... porque eu vou continuar a cair, a chorar, a errar... e vou continuar a precisar da tua força para me apoiar, do teu olhar de carinho, do teu colo, da tua mão, como da primeira vez que me tocaste... 
E mesmo quando o tempo se perder nas rugas das tuas mãos, eu continuarei a precisar do tempo que me dás... e daquelas conversas longas sobre tudo e sobre nada, iguais as que os pais têm com os filhos, mesmo quando os filhos já sabem o que é ser pai. Costumas dizer que só quando eu for mãe te vou compreender em pleno... e quando esse dia chegar, mais uma vez terás razão. Um PAI tem sempre razão. Uma razão vestida de amor com alguma dor à mistura... mas que o tempo nunca irá apagar.


Ousadia de Viver

Ouse perder-se no tempo
Em vez de perder tempo.

Ouse aventurar-se
Em vez de desventurar-se

Ouse recriar-se
Em vez de reprimir-se

Ouse conquistar-se
Em vez de desejar-se

Ouse ser-se
Em vez de parecer-se...

Ouse chegar-se
Em vez de nunca partir-se

Ouse sentir-se
Em vez de ignorar-se

Ouse amar-se
Em vez de amargurar-se

Ouse tentar-se
Em vez de duvidar-se

Ouse sorrir-se
Em vez de chorar-se

Ouse ficar
Ouse criar raízes
Ouse permanecer
Ouse VIVER.

(Imagem do Google)


domingo, 17 de março de 2013

(Entre Parêntesis) crónica nº 5 - Cartas que eu nunca te escrevi (cont)


Querido Romeu:


Ainda guardo as tuas últimas palavras. São difíceis de esquecer. Não sei , mas esta minha memória gosta de teimar em guardar tudo o que me prende o olhar. Ou talvez seja apenas teimosia mesmo.
 Falaste em viagens. Gosto de viagens, embora tenha feito poucas. Sempre achei mágica aquela visão de embarcar... Certa vez, lembro-me de ter esperado por um comboio. Fiquei horas naquela estação imaginando como seria a tal viagem… mas aquele comboio nunca chegou. Se calhar enganei-me na estação, ou na linha, ou talvez fosse dia de greve. Não sei se já inventaram a greve na nossa época, mas nunca se sabe… Modernices.
Sabes, nem sempre as viagens que se fazem levam ao lugar que imaginamos. As vezes imaginamos demasiado e desejamos tanto chegar ao destino que temos uma noção errada da realidade. Acontece tantas vezes. Já perdi a conta. É como olharmos as estrelas ao mesmo tempo e juntos habitar o mesmo céu, depois abrem-se os olhos e descobre-se que afinal continuamos apenas a habitar castelos de nuvens, bem lá no alto, mas ainda tão longe do céu.

As vezes,  só se toca o céu em sonhos, por vezes nem em sonhos. O diabo também sabe 

tece-las. Gosta de nos enganar. Mas não sei se o inferno será assim tão mau. Nem sei se o paraíso será como se imagina. Por vezes fazemos uma ideia das coisas e depois não é bem assim… eu não gosto de visitar o passado, acho que ele está onde deve estar… talvez parte de mim ainda lá viva, mas também é bom que assim seja… enquanto essa parte lá ficou, a outra tenta imitar a viagem de Armstrong… queria dar um pequeno passo como aquele. Sem gravidade. Já imaginaste como seria mágico flutuar com montes de estrelinhas brilhando e assistindo a tão grandioso acontecimento?

 Eu sei, é difícil de imaginar. Talvez aches que sou louca. Mas eu gosto da minha insanidade. Ela mantém-me viva, mesmo que habitando a Lua em sonhos… até porque todos temos uma Lua. Algumas pessoas não sabem como lá chegar, mas ela está lá… á espera que cada um descubra o caminho até ela. Acho que é ela a responsável pelas paixões que temos ao longo da vida. Apaixona-mo nos pelas Luas uns dos outros… umas faces brilham mais, outras são mais negras, mas nem por isso deixam de ser encantadoras. A noite também é escura, mas se ela não fosse tão negra, nunca teríamos conhecido a beleza das estrelas.

No entanto há seres que conseguem possuir estrelas no olhar… conheço algumas assim. É tão lindo olhar nos olhos de alguém e ver aquele brilho… e algumas pessoas ainda acham que os diamantes brilham muito. Provavelmente nunca se cruzaram com um olhar assim… ou talvez seja apenas esta minha mania de ver lirismo em tudo. Tudo o que é amargo tem um lado doce, e tudo o que é doce tem um lado amargamente viciante. Acho que é por isso que teimamos em viver todos os dias… por ser viciante. Sofrido, mas incrivelmente alucinante. Nunca se sabe qual será o caminho que a próxima viagem proporcionará, existem tantas possibilidades… Também gostas de viajar? Então talvez, o destino nos pregue uma partida, e um dia a gente se cruze numa dessas encruzilhadas… o mundo é tão pequenino. Cabe todo dentro do meu coração….


Sempre TUA

                   Julieta.


Ps: Cuida bem da tua Lua… não deixes que ela se apague no teu céu. Ficarias as escuras. 


Pensamentos a Retalho #3º Cartas de Alma ( continuação)

(Imagem do Google)
... e aos poucos fui-me deixando ficar. Certos momentos são assim. Rezamos para que cheguem, imploramos para que nunca acabem. Duram o que tiverem que durar, mas será que o tempo que duram é assim tão importante?
 Não. Talvez seja mais importante a intensidade com que os sentimos e guardamos. Isso sim, fica gravado em cada recanto nosso. 
Viver é assim, uma longa estrada feita de pequenas viagens. Umas de olhos abertos, outras porém, de olhos fechados. Costumamos guardar no pensamento a bagagem dessas viagens acordadas, mas as malas que carregamos de olhos fechados guardamos no coração. São sonhos. E o que são sonhos? Sonhos são pequenos pedacinhos de desejos aninhados na vontade de voar. 
E por vezes voamos longe, e por vezes chegamos a tocar o firmamento com as próprias mãos, mesmo sem sair do lugar. Outras vezes o peso das malas faz-nos cair e desejar acordar. Contudo, não é por isso que não voltaremos a carregar essas mesmas malas... Não viveríamos se assim fosse, ou então estaríamos incompletos. 
O céu é um lugar curioso. Tem tanto de imenso como de misterioso. Muitos são os que o admiram mas poucos são os que lá conseguem chegar. não se lá chega num só dia... mas mesmo de pés bem sentes na Terra, há pensamentos que nos oferecem as estrelas, e devagarinho vamos conquistando o nosso pedacinho de céu. 

sábado, 16 de março de 2013

Pensamentos a Retalho# 2º Cartas da Alma

Às vezes perde-mo-nos no tempo. A vida é sempre escassa, quando damos conta dela, já ela se esgueirou na nossa frente. Procuramos incessantemente desbravar caminhos em busca daquela estranha sensação causada pela felicidade, quando na verdade a felicidade é feita de coisas pequenas. 
No fundo, vivemos vezes e vezes sem conta, tantas e tantas vidas, deste e de outros tempos só para encontrar o melhor caminho para nos perdermos...
Ninguém se perder bem sozinho, mas também ninguém se acompanha sem ter a sombra da sua própria alma como companhia... 


(continua...)

Pensamentos a Retalho # 1º Para lá da vida ...



Imagem do Google 

Podereis até dizer que se vive apenas alimentando o corpo, mas estareis errados. Será impossível ao Homem habitar a Terra, em existência plena, sem que este sacie a fome da sua alma. Se não o fizer não terá vivido, apenas existirá. Apenas mais uma sombra como tantas outras que vagueiam por ai... Alimentar a alma com sabedoria e o coração com graça é, tal como alimentar o corpo, um bem necessário. Assim são as palavras, alimento para o espírito. 

Cada uma delas sacia uma parte e nós, cada uma delas se ouve, se sente, se guarda e permanece vivendo dentro do nosso coração. Até germinar, florir e dar fruto. Palavras são para dividir e multiplicar, para semear caminhos de colheita bem aventurada e agradecer aos céus a graça concedida por cada letra, cada silaba... 
Vós que valorizais os silêncios em troca das palavras, tende cuidado, silêncios são de ouro mas sem a doçura das palavras, tornam-se amargurados. 
Quereis ser eternos? Perpetuai a vossa própria existência em palavras e vivereis para sempre

(continua...)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Sonhos...


A mar, Amar-te

Fui de encontro ao mar 
Tinha tantas historias para lhe contar,
Tantos os segredos onde me perder
Tanto sal para chorar…

Gosto de me deixar embalar pelas ondas
Elas cantam para mim
Elas vestem-me corpo e alma
Seduzem-me sempre assim…

Tenho a maresia do teu imenso amor
Entranhado em todo o meu ser
Meus cabelos desenham as mesmas ondas
Que um dia tocaste, com a mesma vontade de querer
De querer a mar, amar-te…

Meus olhos espelham as profundezas de um oceano azul
Uma paixão de cores salgadas
Tão negras e amarguradas
Um céu perdido no horizonte de a mar, amar-te

Minhas mãos,
Caídas sobre o chão das areias douradas
Ainda não sossegaram a falta das tuas
A falta da tua força marítima
O teu toque oceânico…

E toda aquela brisa me encantava
E eu navegava, e navegava,
Sempre em ti,
E nos pensamentos que deixavas em mim
Meus cabelos eram velas ao vento
Meus sonhos perdiam-se lá dentro
Do a mar, amar-te…

Ai, se estas ondas que me banham falassem
Talvez, não conhecessem
Palavras suficientes para expressar
Todo o mar da minha paixão…



(Imagem do Google)

terça-feira, 12 de março de 2013

Outono cor de fogo... (conto # 1 )


 E dou por mim a pisar as folhas caídas. Amarelas, avermelhadas, cor de fogo, como um dia foi a nossa paixão. 

Olhando para aquela grande árvore, agora quase raquítica, com seus enormes ramos desnudados que quase tocavam o céu, sinto-me como se me olha-se no espelho... e as lágrimas salgam-me o rosto como o mar salga a areia da praia. Outrora, aquela árvore, exibia um lindo vestido de esperança, baloiçando ao sabor da brisa primaveril. Outrora, aquela árvore fora sombra de amor, abrigando em seus ramos um novo ciclo de vida. Nessa altura, as folhas da árvore rebentavam em força a cada beijo de sol e como se fosse milagre, brotaram centenas de pequenas flores, salpicando o traje verde de pequenos pontinhos rosados.
 A árvore parecia resplandecente de luz, orgulhosa da sua grandeza e a estação dos "amantes" deu lugar aos caprichos do rei Sol. Com muito amor, os raios de sol beijaram cada flor e aos poucos estas deram lugar a pequenos frutos... e o ciclo da vida seguia o seu caminho enquanto a árvore, cheia de alegria, estava convencida que aquele momento duraria para sempre. Mas o sol não perdoa, e, não tardou a tingir-lhe as folhas transformando o seu lindo vestido verde num manto cor de fogo. Então os pássaros que acolhia nos seus ramos partiram e as primeiras chuvas saciaram a sua sede... um novo ciclo se avizinhava. 
Caiu a noite e a árvore sentia algo diferentes, uma sensação que nunca sentira antes... era medo, era tristeza, era frio. Embalada pela brisa fresca acabou por adormecer. Quando a lua se apagou e deu lugar ao sol, a velha árvore acordou e, de olhos postos no chão, viu todo o seu manto cor de fogo cobrir as pedras da calçada. Estava nua. Restava apenas uma folhinha teimosa no alto de um ramo. Essa pequena folhinha chamava-se orgulho. E a árvore que julgava ser de folha persistente ficara sem folhas mas seguia orgulhosa pelos caminhos do Inverno até renascer às mãos da Primavera. 
Tal como a árvore, o amor brota em força e faz com que tudo floresça à sua volta, até que chega o "Verão" ... o sentimento amadurece mas por vezes não resiste ao cair das primeiras chuvas. Então os corações ficam desnudados como os ramos da velha árvore, esperando o chegar da próxima Primavera!
E assim ficou Luna, sentada os pés daquela árvore raquítica, enxugando as lágrimas e lavando a alma ao som dos pingos da chuva... deixando que suas memória se apagassem e ardessem no imenso manto de folhas cor de fogo!


(Imagem do Google)

domingo, 10 de março de 2013

Acordar em ti

As vezes desfolhamos madrugadas 
A escrever belas palavras
Algumas perdem-se na noite
Outras amanhecem junto do nosso coração.


Queríamos dizer tanto
Sem esvaziar todo aquele encanto
Mas é tão difícil correr numa folha de papel
Sentir mais que a dor na ponta do lápis…

Talvez seja mais fácil sonhar
Mas não queria ter de acordar
Quem sabe se a vida não será
Toda ela um breve sonho….

Adormecemos e acordamos
Sempre no mesmo lugar
Mas no entretanto
Já viajamos tanto
Tanto…

Eu só queria adormecer dentro de mim
E acordar em ti…
Seria a minha ultima viagem.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher, fonte de vida....


Mulher, tu que carregas nos ombros
As dores do mundo
Por capricho da natureza

És tão vida como Deus.

Mulher, tu que dás colo
Aos que mais amas
Sossegas seus prantos
Com delicadeza e encanto.

Mulher, tu que te esqueces de ti
Para viveres em outras vidas
Perdendo-te nos olhos
Daqueles que nasceram de ti

Mulher, tu que abençoas
Com as próprias lágrimas
O caminho que a vida vai traçando
E semeias sorrisos carregando
As mais pesadas mágoas.

Mulher, tu que és doçura
Amor, dor e feitiço
Beijas a vida com silêncios medidos
Falas por olhares e gestos sentidos

Mulher, tu que guardas junto ao peito
Todos os segredos da criação
Nascida do céu, criada nas costelas de Adão
A beleza feita mulher, a doçura feita menina
Quis Deus que fosses rainha…

Mulher, tu, fúria divina
Ira das marés,
Serenata de Luar
És mais que um ser,
És ninho de amor,
És de todas a mais bela flor
És mais que tudo o que existe
És no universo a estrela mais brilhante
E no limite dos tempos
És fonte de vida…

quarta-feira, 6 de março de 2013

Flor de orgulho

do desespero brotaram espinhos
criados pela falta de carinho
rompendo com imponência
a cor de outros dias.

petalas sedentas de amor
regadas apenas por gotas de orvalho
que teimavam em cair do céu 
todas as manhas, com orgulho.

o coração permanece fechado
longe dos beijos do dia
esperando aqueles pós de magia
para desabrochar em pleno.

Mas se a rosa se abre na sombra
jamais lhe verão a beleza
nem saberão as notas do seu aroma
ficará esquecida na estranheza
escondida nos segredos de outras paisagens.

quis o destino que a rosa
fosse a flor do orgulho
tão negra e tão doce
pálida de dor
tão sentida e desejada
tão escondida, tão amargurada.

se os ventos lhe colhem a candura
as noites geladas cobrem-na de bravura
plantando gotas de sonhos em cada petala tardia
em cada folha nascida.

Mas rosas de orgulho
não sobrevivem à mãe primavera
rendem-se à morte
nas tentações do verão
esgotam-se dentro do próprio coração.

domingo, 3 de março de 2013

(Entre Parêntesis) # Crónica nº 4 - Cartas que eu nunca te escrevi


Querido Romeu,

Tinha tanto para dizer, mas talvez não encontre as palavras certas. Sei que já passou muito tempo, mas para que serve o tempo, se não for para nos trazer certezas?
 Há dúvidas que nunca conseguimos calar e fantasmas que nos assombram todos os dias. Lembro-me daquela última dança… tenho medo que tenha sido apenas um sonho. Será que foi? Estarei eu a perder a consciência da realidade? Sei que me perco em belas fábulas e contos de fadas, quem não se perde? É sempre à mesma hora, por volta das doze badaladas…começa sempre da mesma maneira:

Era uma vez…
(…)

Não me importa o meio da história, o enredo, o cenário, os muitos lobos maus, os monstros mais ou menos feios, as bruxas malvadas… todo o meio se perde no encanto do final feliz. Mas a vida não é um conto de fadas, no entanto pode ser uma página em branco… onde podemos sonhar e escrever aquilo que bem quisermos.  Talvez as palavras ganhem vontade própria e tenham a coragem que os autores nunca tiveram. Ou talvez não passem também elas de palavras desenhadas a preceito com o lápis da solidão… ou talvez nem elas consigam chegar a tocar as estrelas. Há páginas escuras… essas precisam sempre de mais luz, nada que um luar não resolva.
Lembro-me de desfolhar madrugadas… o sono teimava sempre em fugir no ultimo instante. Esgueirava-se por entre as sombras da alma, corria na teia das horas e acabava por desaparecer nos primeiros raios de sol, mas a culpa da insónia continuava lá, mesmo estando acordada… Acho que nunca me abandonou. 

Lembro-me daquela música que tocava sempre que me visitavas…podiam passar milhares de anos, que eu sempre me recordaria de cada nota… eram demasiado sentidas para as esquecer. Mas nem elas o vento deixou… as vezes ainda tocam… mas talvez andem de mãos dadas com os fantasmas, talvez o sono as tenha perdido… o sapato da Cinderela também se perdeu…. Contaram-me que na história dela, alguém o encontrou. Não sei se é verdade, gostava de a encontrar para lhe perguntar. Eu sei que sou muito curiosa, mas juro que não é por mal, é só vontade de saber mais, dizem que se não perguntarmos nunca saberemos, eu só peço a Deus o dom de fazer sempre as perguntas certas. E mesmo que as respostas sejam erradas alguma coisa haveremos de aprender. Ensinaram-me a ser humilde, mas a nunca duvidar de mim, contudo, só tenho dúvidas, muitas dúvidas. Não sei se encontrarei resposta para todas elas, talvez não… mas vou continuar a perguntar, se tu permitires que eu o faça.
As vezes tenho uma ideia errada de mim, ou talvez as pessoas esperem mais de mim do que aquilo que eu realmente sou. Mas não me incomodo com isso. Aqueles que nos conhecem sabem quem somos e quem fomos, quem seremos nem nós sabemos…

Não queria esquecer-me… também não queria calar-me, mas talvez já tenha escrito demasiados talvezes … talvez tenhas resposta para alguns deles, ou talvez não. Também gostava de perguntar se ainda tens saudades, ou se já se esgotaram todas… nunca me disseste o que procuras… ou talvez já tenhas dito, e eu não entendi…
Nem sempre se dizem as coisas da mesma forma, as vezes as respostas estão naquilo que não se diz, algumas coisas são demasiado importantes para se dizerem apenas. Palavras são coisas banais, dizemos tantas ao longo do dia, a tantas pessoas, talvez seja necessário escolher as mais adequadas e vesti-las a rigor, afinal há momentos e momentos. E lá estou eu com o talvez, outra vez….
A história já não é “Era uma vez..”… agora é “Era uma outra vez…” sabes porquê?
Porque por mais que se erre na vida, há sempre um novo amanhecer, e uma página em branco para escrever… é pegar no lápis da vida, bem apontado, e deixar acontecer.
Fica com as minhas palavras e com um sorriso, deixo-te também um beijo, mas é emprestado, espero que mo devolvas com as respostas, talvez… 


Sempre tua:
                            Julieta


PS:  talvez seja um sonho….

A última flor ...


Colhi a ultima flor 
E fiquei ali a admira-la
Foram apenas alguns instantes
Mas perdi o fio o tempo
E nem dei conta.

Costumo perder-me.
Embora só me perca nas coisas do coração
Aquelas que, mesmo simples
São capazes de nos arrancar sorrisos.

Era já fim de tarde
Sentia-se aquele carinho da brisa nocturna a chegar
Até as folhas das árvores começaram a bailar
Encantadas com tamanha suavidade...

Era capaz de parar o tempo e ficar ali
Tinha a tentação presa no sol poente
E o peito carregado de lembranças
Que me transportavam sempre ao mesmo lugar

Há lembranças que transbordam
Quando menos esperamos
Escorrem pelos olhos
Já não cabem dentro do coração.

Aquele lugar era mágico
Creio que a pedra em que me sentei 
Ainda se lembrava de mim, 
Ela notou a tua falta...
A velha árvore também.
Ainda tinha as nossas iniciais gravadas
Nem o rigor do inverno as apagou.

Mas eu não estava sozinha
Tu moras no meu peito
Acho que sempre moraste.
Haveria casa melhor?
Talvez... tu bateste a porta e deixaste-me só
Eu sou teimosa. 
Continuei a deixar tudo tal como deixaste...

Começou a chover,
Era estranho,
Foi como se as nuvens sentissem o mesmo que eu
Num instante todas elas choravam
Num choro abençoado pelo céu.

Era Deus a consolar-me
Era bom o colo da mãe natureza.
Então coloquei aquela ultima flor,
Já regada e ainda cheia de amor
A prender os meus cabelos
Num gesto carinhoso e demorado
Tal como tu costumavas fazer...
Levei as mão aos peito
Para segurar o coração
Não fosse ele cair
E despedaçar-se no chão.

A dor me conduziu até casa,
E lá sentado naquela pedra
Ficaste tu, no lugar de sempre
Onde um dia me deixaste. 



(Imagem do Google)

sábado, 2 de março de 2013

Sou um dos teus segredos...



Seria ousado pedir para ficares
Não o peço sem cuidado
Sei que não podes ficar
Nunca o disseste, mas eu sei.
Deixo-te ir embora
Porque sei que voltas.
Voltas sempre.

Sei que tens saudades
Não vale a pena negares
Está escrito nos teus olhos
Mesmo que o tentes esconder.

Também choras de vez em quando
Ontem, limpei-as do teu rosto.
Mesmo sem notares.
 As vezes choramos calados
Aqueles segredos que não contamos a ninguém.

Não digas nada.
Abraça-me apenas.
Sinto-me tão segura em ti...

Não digas nada
Olha-me apenas
Eu sei ler o que os teus olhos dizem
E mesmo sem quereres que eu saiba,
Eu sei, que sou um dos teus segredos.

(imagem do Google)