domingo, 10 de fevereiro de 2013

Balada da ausência



Eram longos os tempos
Em que as horas ressacavam da tua presença
Eram negros os tormentos
Em que estavas longe.

Se te perdia no meio das palavras
Encontrava-te sempre
No meio do peito
Bem lá no fundo
Onde se guarda apenas aquilo que se quer guardar

Hoje, vive-se apenas a ausência
Não se parte pela metade
Quando se trata de viver brincando de aparências
Entranha-se apenas em nós a saudade.

Mesmo quando em sonhos nos revisitamos
Nossos olhares anseiam ver-se um ao outro
Com a mesma intensidade com que se perderam
Com a mesma vontade com que sempre se desejaram.

A luz que teima em não chegar aos olhos
Acaba por reinar no peito
Bem pertinho das profundezas do coração
Mesmo que sem motivo aparente
Sem existir qualquer explicação

Nós, que dos sábios temos apenas a audácia das questões
Brindamos a ausência com pura ignorância
Mal sabendo que um dia pagaríamos por tamanho erro
Com a franqueza tempestuosa de nossas emoções.

Que descalços sejam os nossos passos na solidão
Mas, que a ausência não nos acompanhe para sempre
Pois, para sempre é demasiado tempo
E para lá já caminha a multidão.

Não me quero ausentar de mim
Querendo viver apenas da tua ausência
Não quero perder-me nas malhas do vicio
Que causas  apenas com a tua presença.

Seria mentira se dissesse que não te preciso
Seria loucura se dissesse que sobrevivo
Mas sempre fui insana nas palavras meias ditas
Sempre me perdi nas horas benditas.

Ausência por ausência
Que se ausentem as horas em que estas longe
 E que os segundos se demorem quando estar perto
Que se cruzem nossos mundos
Repetidas vezes sem conta
Em olhares, em sonhos, em palavras
Ora doces, ora amargas
Ora vividas, ora sonhadas.


(imagem do Google)

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