sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Rosa cor de Sangue



Tenho o peito cravejado de espinhos
E as minhas mãos trespassadas pelas chagas
Pedaços de memórias queimadas
Rosas manchadas de sangue cobrem o caminho...

Deixei no ar o teu cheiro a cravo
Não aguentava mais o aroma doce das rosas
Recordavam-me velhas prosas
Noites passadas em claro, fios de outras modas.

Tento ler-te o pensamento à luz de velas
Mas o sangue grita nas minhas veias
Não me deixa ouvir o bater do teu coração
Nem colorir as teias da própria ilusão.

Sinto o chão desabar debaixo dos pés
Falta pouco para perder o chão
Mas não vou rastejar no meu perdão
Já me redimi outras vezes
Mas desta vez não.

Não posso resgatar o que é meu
Se todas as rosas o vento levou
Deixou apenas pétalas de sangue tingidas
Entregues às brisas fingidas
O resto no tempo voou.

Não me peças para descobrir as tuas trevas
Se no fim é o meu mundo que levas
Deixando um rasto de perfume no ar
Aquela velha recordação a fazer-me chorar

A verdade está escondida nos teus olhos
Mas mentira aveluda o toque dos teus dedos
As palavras doces rasgam todos os teus segredos
E no fim já só sobraram os medos.

Mantos de orgulho não calam a dor
Chamas de fé não acendem a vida
É preciso mais, é preciso acrescentar valor
É preciso sarar as feridas…

Mas o meu peito contínua desesperado
Bramindo ao som da mesma melodia
Sentindo o mesmo perfume,
Algo em nós deixou de ser sagrado
Sobrou o queixume
E a dor das rosas cor de sangue.


(Imagem do Google)



domingo, 20 de janeiro de 2013

As fases do dia


Sol ao meio dia... alegria

Luar à meia noite...poesia
Clarear da alvorada... magia
Fogo ao por do sol .... fantasia.

E quando dás por ela
Tudo volta à roda viva
Dura um instante numa vida....
Passa por entre as nuvens 
Como leve nevoeiro
Dissipando com a luz 
Num longo e terno beijo.

Quando termina?
Ninguém sabe.
Vai ficando a saudade
Do que foi e do que  de ser...
Porque hoje o que importa é viver.

Amanha quando regressar um novo dia,
Chora de alegria
Declama a poesia
Encanta-te pela magia 
E vive ao sabor de uma nova fantasia! 


(Imagem do Google)

( Entre parêntesis) # crónica nº 3


...... e havia uma nuvem teimosa, mais teimosa que todas as outras. Enquanto as outras se deixavam levar pelo vento... aquela pequena nuvem sonhava provar a terra, desmanchar-se em pequenas gotas e saciar a sede do chão, acalmar as poeiras da estrada. As outras nuvens diziam que não se deve lutar contra as forças da natureza. Se o vento manda correr, corresse. Se o tempo manda chover, chovesse. Mas no topo da sua teimosia a pequena nuvem exclamou: 
- Se o meu destino é beijar as areias do deserto, nem a mais alta das montanhas me pode impedir. Podem passar mil anos, e centenas de ciclos... mas um dia, dormirei o sono das mil e uma noites. 

a vontade é talvez a maior das forças humanas, só temos que acreditar que é possível! 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Juntos seremos a eternidade




Tocaste-me, senti um calafrio
Fechei os olhos e senti-me desfalecer.
Levei as mãos ao peito, agarrei um vazio
E as trevas tentaram fazer-me adormecer.

Caí num sono profundo
Tentei fugir do pesadelo
Mas descobri outro mundo
E já não consigo livrar-me deste duelo
´
Foi como se a vida se esgotasse
Havia apenas um caminho sombrio
Um negrume a entranhar-se
nas ultimas amarras do navio

Embarquei por completo
Sem forças para resistir
Já não havia nada por perto
Apenas uma súbita vontade de ir

Então soltei um ultimo suspiro
E deixei-me seduzir pelo terno beijo da morte
Repousei o meu corpo num jazigo
Libertei alma e mente de encontro ao seu norte.

Mas a morte não tem de ser ruim
Há muitas maneiras de se morrer
Há quem morra achando viver
E quem viva depois de falecer.

Quem nunca sonhou ter por conta a eternidade
Sem ter de contar as teias da idade
Perdendo-se nas malhas do tempo
Fazer do que resta apenas um breve momento?

Quem ousa brincar com as espadas da saudade
Esquece-se que sobreviver há eternidade
É a mais cruel das maldades
É coisa de levar à loucura, é pura insanidade.

Já que a morte é uma certeza
Não me deixes partir sozinha
Deixa-me ser a tua morte e tu a minha
Dá-me a mão e juntos seremos a eternidade

Já que esta vida só não basta
A fúria de viver deixa-nos a alma gasta
A perda dos sentidos revela outro universo
E de todos os sentidos o amor é o mais perverso

Não se espera uma vida inteira por um só momento?
A espera por vezes queima-nos por dentro
E o que separa o amor do ódio é um pequeno sofrimento
Venha então a eternidade… que desabe todo o firmamento.

Porque não haveremos de viver  na morte
Se morrer em vida é apenas falta de sorte
Será a morte mais cruel que a vida?
A incerteza deixa-me perdida
Perdida na vontade de fugir,
Antes que a vida nos separe
Deixa que a morte nos ampare.

Já que a morte é uma certeza
Não me deixes partir sozinha
Deixa-me ser a tua morte e tu a minha
Dá-me a mão e juntos seremos a eternidade.


(Imagem do Google)



domingo, 13 de janeiro de 2013

Anjos e demónios



Asas perdidas sobre os céus
Pairam sobre as nuvens
Por onde andam ninguém sabe
Olha-los causaria vertigens.

Albergam belas vestes brancas
Manchadas de luz
Tão alvas que magoam a vista
Ao olhar mais atrevido
Que ouse tentar a conquista
De ver aquilo que aos mortais não é permitido.

Quem disse que são alvas as asas dos anjos
Se nunca ninguém os viu
Podem ser santos ou demónios
Que o ódio do mundo feriu

Lá nas fornalhas do inferno
Também existem anjos
Os renegados do paraíso
Que um dia já tiveram sorriso
E hoje só carregam mágoa
Porque nenhum sorriso é eterno.

Dizem que o inferno arde sem dó
Que as almas penam exortando a dor
Mas eu sei que se inferno existe
é  mesmo aqui na terra
Cada vez que uma criança chora
Não há anjo que a console
Não há pena que a sossegue

Se há guerra nesta vida
Onde param os anjos?
Porque só conhecemos os demónios?
Será que anjos usam facas
Para sangrar os pecados dos mortais?
Ou serão os próprios demónios
A julgar as culpas dos demais?

Entre inferno e paraíso
Existe um lugar-comum
Existe um chão feito de pó
E um céu carregado de nuvens
Não se sabe o que há para lá da terra
Nem o que há para lá do céu
Temos a consciência coberta com um véu
Uma teia feita de cordas bambas
Onde dançar é imperativo
E quem balança sabe que pode cair
Mas se cair é preciso
Para levantar-se de novo
Porque não paramos de mentir?

Pedimos a piedade dos anjos
Para que tomem conta de nós
Mas são os demónios que nunca nos deixam sós
Não será isso desprezo
Ou erro da nossa parte
Ignorar tal apreço feito por quem ter arte?

Mais que penas nas asas dos anjos
Mais que lenha nas fornalhas dos infernos
Mais que trevas no peito dos demónios
Existe ira nos olhos humanos
Existe guerra nas consciências alheias
E enquanto não cessarem as culpas
Dividimos os prantos a meias
 Porque não se reza só para Deus
Há quem venda a alma ao diabo
Mas quem o faz que nunca se esqueça
Que o senhor das almas perdidas
Virá cobrar o que é seu.

Seja com facas ou com glórias
Estejamos preparados
Limpemos a consciência de todos os pecados
Que os anjos estejam a nosso favor
Que os demónios não estejam contra nós
Porque não há ódio sem amor
Nem culpa sem dor
E se tiver que arder no fogo do inferno
Que tudo o que vivi permaneça eterno.


(Imagem do Google)



Amo-te


Amo-te como amo a madrugada
Como amo a luz do dia
 Como amo o pó da terra
Como amo a flor à espera para ser regada
Como amo noite fria
Como amo a paz no lugar da guerra.

Seria difícil explicar as razões de tal amor
Somente quem ama tanto
 Sabe que não se ama sem dor
Talvez algumas almas digam que não
Mas amar jamais será em vão
Mesmo sabendo que nunca será correspondido
Sentimento tão nobre preenche um peito esquecido
Perdido nas garras da solidão.

Por isso me permito amar-te
Mesmo sem ver-te, sem tocar-te
Estás aqui… eu sinto-te.
Nem a saudade pode apagar-te.

Por isso me permito desenhar-te
Em cada traço, uma linha de amor
O tempo perde-se na vontade de observar-te
Ali nas cores daquela folha de papel
Admiro-te,
E admiro-me por lembrar-me de cada traço de cor

Por isso amo-te
Até nas coisas mais singelas
Até no teu risco sobre telas
Até no desejo à luz de velas
Amo-te muito para além da vida
Amo-te em cada oração sentida
Amo-te até ao fado me entregar o beijo da morte.
Mas se a vida me deixar entregue à própria sorte.
Que Deus permita que te ame ainda mais depois da morte.



(Imagem do Google)





quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Dama de copas, Valete de espadas

Se a vida é um jogo
Que se façam as apostas
Não há lugar pra cartadas ensaiadas
Não há réis sem ouros
Nem duques sem quadras
Que se façam as vontades do destino
Que se joguem as copas e as espadas
Tens mão de paus? então assiste
Que a presença da bisca não te custe um despiste
Não faças é cenas, 
A vida é mais que ficar com penas
Se és valete luta pla tua dama
Antes que o As te tire a fama.
Ficarias sem castelo e sem quinas
Reinando no vale dos naipes
Apostando no sonho
Entre a dama de copas
E o valete de espadas.

Quem te disse que sou valete

Nem tão pouco sei se és dama

Não sabes o quanto  apostei

Nem imaginas sequer se ganhei

Jogo é jogo
E não há má sorte ou falta de fortuna
Sei que um dia serei rei
Nem que seja na sarjeta
O meu jogo não é  amor, não é  desgraça
Eu não aposto no meio da praça
Procuro a sorte de ser guerreiro
Porque não me vendo a troco de dinheiro
E não existe maior fortuna
Que encontrar um coração verdadeiro
Se é jogar que queres lança os dados
Eu não nasci pra andar aos fados
É outra  a minha fama
É sonhar de olhos abertos sem saber o que é uma cama
Encontro vitorias no fio da minha espada
E sinto que no final da guerra já não resta nada
Apenas sombras da minha bravura
Que só desiste de lutar quando arranjar cura
Sem remédio pra vicio tão maldito
Apostei tudo e agora estou aflito
Não é culpa tua, é  a minha falta de sabor
Sou valete da vida e não jocker do amor.

Se és guerreiro ou não, já não sei
Apenas sou dama de um só rei
Tanto faz se tem ou não castelo
Calço sapatos de cristal mas também calço chinelo
Visto saias de amor e corpetes de veludo
Que  se despem a quem quiser levar tudo
Não sei se entendes o que quis dizer
A minha sorte é amar e não apenas dar prazer
Tenho mais sonhos nesta vida
Do que andar na rua das perdidas
Não é dinheiro nem fama o que quero
Tenho orgulho e desrespeito eu não tolero
Se o teu jogo é ir pra guerra
Não esperes vitoria sem sentir o pó da terra
Não há gloria sem alguns fracassos
E esta vida não se faz só com 2 passos
Eu tenho os dados na minha mão
Posso lança-los de encontro ao chão
Prepara as tuas tropas pra grande batalha
Que a sorte da guerra é falhar mesmo quando não existe falha
Que vencer não é  prós bravos
De vez em quando a sorte fica com os fracos
Não é por seres duro que levas a melhor
Também sei rimar e a tua rima já sei de cor
Lábia eu já sei que tens
Agora prova a tua sorte sem ler os améns
Não queiras que eu te leia a sina
Não sou cigana nem sei o que Deus me destina
Faz de vez a tua jogada
Mas pensa bem antes de lançares a ultima cartada
Neste jogo não há tempo pra empate
Um piso fora do risco e dá check-mate
De entre os 2 que nada se prometa
Que venha o tiro do destino e a gente vê-se na meta.




(Imagem do Google)



Singularidades do por do sol




É no partir que conheço a agonia
Do partir querendo ficar
Algo me prende aqui.
Acabo por ir, e levo o peito vazio
Meu coração fica contigo
Pois o pobre só voltará a sentir
A fúria do bater
Quando cá estiveres.

Não sei porque dói tanto
Mas a certeza de que a cada batida
Se sente uma saudade, um pranto
É por si só capaz de me colocar de joelhos.

Então rezo,
Por um novo amanhecer.
Pois mesmo que a lua se levante
E ilumine toda a noite escura,
Não me basta. Continuo sem adormecer.

Sei que as estrelas nunca brilhariam sem a noite
Mas a minha estrela não vive da escuridão
Ela põe-se no final de cada dia
E então perco-me naquele mar de fogo.

Se houvesse justiça nesta vida
Nada me deixaria mais perdida
Que perder-me só pra encontrar
O por do sol no teu olhar.

Então levanto-me .
Porque já amanheceu
Já se apagou a lua
Já se esconderam as estrelas
E eu já me perdi novamente na tua madrugada.


(Imagem do Google)