domingo, 9 de dezembro de 2012

Factos reais ( #1 "um natal as escuras")


Um natal as escuras

Lembro-me de quando era pequena, ainda o natal ia longe e já sentia aquela ansiedade. Sempre achei a quadra linda. As cidades todas iluminadas com decoração a preceito, a euforia das pessoas na compra dos presentes, acho que a própria solidariedade ganhava nova vida nesta época. Mas no decorrer do tempo as coisas mudaram. 
Eu cresci, contudo não fui só eu que mudei, tenho noção de que mudanças mais profundas encobriram o verdadeiro espírito natalício nas pessoas. O tempo é escasso, o dinheiro é escasso e sobretudo, a falta de vontade escasseou também. Será da crise? 
Talvez. Mas creio que a verdadeira crise não é financeira, a verdadeira crise está no sentido que cada um de nós dá a vida. Quase ninguém é capaz de dar um pouco de si aos outros sem esperar nada em troca. Quando oferecemos, na realidade, estamos apenas a trocar, precisamente porque esperamos ser retribuídos e assim perde-se a essência do dar, do oferecer. 
O consumismo fez da generalidade das pessoas “escravos”. Temos a ideia que seremos mais felizes se adquirirmos determinado produto que, por este ou por aquele motivo, se tornou no “nosso desejo de consumo”. Trabalhamos para adquirir “essa felicidade” e depois de a adquirirmos, ela confere-nos apenas alguns breves momentos de satisfação. Então levanta-se a inevitável questão:
Valeu a pena todo aquele sacrifício, os momentos que deixei de partilhar com amigos e família só porque conseguir dinheiro para “adquirir a tal felicidade” era o mais importante? E nisto somos invadidos por um vazio que rapidamente se preenche com outro “desejo de consumo”.
Não quero com isto dizer que consumir esteja errado, não está. Mas temos que aprender a dar valor aquilo que não tem preço. Não nos ficaria nada mal abrir mão de algum tempo e oferece-lo aos outros. Não nos ficaria nada mal deixar de reparar que as ruas já não estão iluminadas e preocupar-mo-nos mais em iluminar a alma. O Natal já não é igual... perderam-se as luzes, hoje em dia tanto ruas como almas estão apagadas. Mas se não temos luzes podemos acender velas. Acende-las só depende de nós porque natal é quando o Homem quiser mesmo que as estações digam que ainda não se chegou ao inverno. 



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