segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lágrimas



É no silêncio que as lágrimas formam rios
Correndo de encontro aos mares da alma
Sente-se apenas o murmúrio salgado
Ouve-se apenas um vazio desmedido
Sinais que arrancam do passado
Rumores de um orgulho ferido.

Não é que eu queira exumar a dor
Mas não se pode viver sem arejar o peito
Livrar-me de todas as mágoas em que me deito
 E acordar de novo de olhos enxutos
Prontos para viverem novos desgostos.

Por pior que seja o motivo
Ou maior que seja a razão
O triste não é chorar sem causa
 É deixar a ira invadir o coração

E no auge da raiva, da dor, do ciúme
É ficar preso e suspenso nas teias do queixume
Que esconde sempre a verdadeira causa da tristeza
Então, mesmo não querendo, chora-se de surpresa

Lágrimas são mais que gotas de água salgada
São espinhos, são veneno, são paixão
As vezes alegria, mais vezes solidão
São ondas que nascem no peito e banham o olhar
São pedaços de nós embrulhados na dor de amar

E no final resta apenas uma certeza
Chora-se mais a dor que a gentileza
Porque o que dói não é chorar
É querer chorar e não poder
É sentir as lágrimas e não as ter.

(Imagem do Google)


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