domingo, 25 de novembro de 2012

Ensaio sobre ti



Quando a luz do dia
Rasgar as entranhas do céu
E tocar cada pedacinho de terra
Como quem toca a mais bela das melodias
De mansinho, nota por nota, flor por flor
Se evaporam as trevas e nasce o amor.

Quando as gotas de orvalho
Saciarem a sede do chão
E enfeitarem cada pétala de rosa bravia
Brilhando como diamantes
Formando colares de magia
Suspensos em teias de vaidade
Tecidas com todo o cuidado
Que só tem quem já foi amado.

Quando o galopar das horas
Fizer chegar o meio-dia
E o tempo se perder nas sombras da tarde
Pintando uma nova tela nas nuvens
Com rabiscos cor de fogo
Que incendeiam todo o horizonte
Embalados pelo vento
E se perdem no momento.

Quando a lua se erguer novamente no céu
E um manto de estrelas cobrir
Os medos da noite gelada
Fechando todos os buracos negros
Abrindo caminho às estrelas cadentes
Espalhando pó de fantasia
Desejos soltos no ar
Voando de encontro às forças do acreditar.

Quando todo o mistério
Entre a terra e o céu
Não chegarem para esconder
Todos os medos
Calar todos sentimentos
E as palavras soarem mais alto
Que o canto dos pássaros
Ao romper da madrugada

Quando a ciência esgotar
Todas as teorias
E já não existirem leis para provar
Nem códigos para decifrar
E toda a matéria
Se resumir numa só força
Criando uma formula única

Quando a vida for mais
Que uma peça de teatro
Sem guião, nem lembrete
Cuja força dos argumentos
Se limita ao improviso
Em que as personagens
Sobem ao palco para errar
E se renderem aos aplausos

Quando tu fores mais que uma miragem
Quando tu fores mais que um conto para adormecer
Quando tu fores mais que um capricho meu
Quando eu te roubar os sonhos
Quando eu reinar em teu olhar
Quando eu for a luz do teu dia

Quando o tu e o eu se perderem no mesmo espaço
E as nossas histórias forem só uma
Resgatarei a experiência que um dia perdi
Ousando criar um ensaio sobre ti.

(Imagem do Google)





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